Parte I
Este item da pauta pode ser considerado o mais polêmico e não tem como tratar dele sem tocar em um assunto espinhoso para muitos, principalmente os do alto escalão da corporação, por que passeia por um outro tema que incomoda: a oxigenação dos quadros.
Para quem não sabe, a PMBA possui hoje o oficialato superior mais “idoso” do Brasil. Nossos comandos gerais, tanto o atual quanto os anteriores, figuram no “top list” dos mais velhos do país.
Esta situação repercute em vários fatores danosos a corporação como um todo:
1) Desmotivação tanto por parte do oficialato subalterno, que não vê possibilidade de ascensão em sua carreira, quanto por parte das praças, estes sim maiores prejudicados.
2) Não oxigenando seus quadros hierárquicos a corporação tende ao conservadorismo e acaba perdendo a sintonia com os anseios mais atuais da sociedade.
3) Não dando espaço ao novo e a novos rumos a polícia militar se dinamiza muito pouco e, consequentemente, acaba por ficar sob a pecha de arcaica e retrógrada. Infelizmente a criminalidade dinamiza-se diariamente e a corporação necessita cada vez mais de profissionais antenados com os novos modelos de gestão pessoal. A sociedade evolui e se oxigena a cada instante a polícia militar tem que, obrigatoriamente, ao menos tentar, seguir os mesmos passos.
4) Não vendo expectativas de crescimento e com a necessidade no mercado de trabalho de profissionais mais qualificados, muitos de seus integrantes, praças e oficiais, vão buscar novos rumos fora da corporação, seja através do pedido de exoneração ou através de serviços fora dela. Este panorama é danoso nos dois casos, no primeiro se perde profissionais qualificados, no segundo, o profissional aplica seu potencial fora da corporação quando poderia está sendo todo utilizado nela. Ou seja: subutiliza-se o profissional qualificado.
Com este panorama perde a corporação, perde a sociedade.
É bom salientar, que muitos oficiais e praças estão buscando graduações em áreas de: gestão atual, direito, tecnologia, comunicação, dentre outras formações. Mas não é difícil imaginar que mesmo estes acabam por serem subutilizados, por que muitas vezes são meros “auxiliares” de setores e/ou departamento onde seu superior tem pouco ou nenhum conhecimento sobre aquela determinada área de atuação e, muitas vezes, não valoriza a qualificação do profissional.
Enfim o modelo de gestão da PMBA precisa ser reformulado urgentemente. Mas agora, você que leu até aqui, pode estar se perguntando: e o que isso tem a ver com o plano de carreira?
Tudo. A PMBA não possui um sistema de plano de carreira que beneficie os mais qualificados, como um quadro de oficiais especialistas, por exemplo. Pra piorar o contexto mantêm oficiais superiores com bem mais de 30 anos de serviço na ativa, criando um gargalo nas promoções de cima para baixo. Em uma estimativa razoável, é possível dizer que a maioria dos oficiais que estão sendo formados atualmente sequer chegarão a ser tenentes coronéis. Com isso toda a cadeia hierárquica é prejudicada.
Alagoas saiu na frente, recentemente criou e aprovou a lei, apelidada de “detefon”, que obrigou todos os militares com mais de 30 anos a irem para a reserva compulsória. Obviamente isso desagradou em cheio a maioria do oficialato superior.
Enfim, temos que debater em torno deste assunto a partir de agora, de forma urgente. Temos proposta de modelo, mas não como forma de imposição e sim para que possamos discutir e construir juntos um modelo, mesmo que não seja o ideal para todos, mas que beneficie a maioria, diferente deste modelo que ora se apresenta. Afinal de contas, não podemos nos acomodar com o que nos incomoda.
“Não adianta olhar pro céu
Com muita fé e pouca luta.
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer...
Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura
Na mudança de postura a gente fica mais seguro
Na mudança do presente a gente molda o futuro!
Até quando você vai ficar levando porrada?
Até quando vai ficar sem fazer nada?”
Gabriel, O Pensador
Noticia sobre a Lei “Detefon” :
Logo publicaremos a Parte II deste assunto tão polêmico.
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