quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

PMs que pararam atividades no CE rejeitam proposta do governo

Categoria pede no mínimo 80% e governo oferece 23%, diz presidente. Para o primeiro ano, policiais querem incorporação de gratificação já paga.

Muitos lojistas da Av. Bezerra de Menezes, em Fortaleza, fecharam seus estabelecimentos ainda pela manhã (Foto: Elias Bruno/G1 CE)

Avenida Bezerra de Menezes, em Fortaleza: ruas ficaram vazias após comerciantes fecharem as portas com receio de assaltos, com a paralisação da PM.  (Foto: Elias Bruno/G1 CE)
Policiais e bombeiros em paralisação desde a última quinta-feira (29) rejeitaram proposta do governo do estado na tarde desta terça-feira (3) sobre o reajuste da categoria. De acordo com o cabo Flávio Sabino, presidente da Associação dos Cabos e Soldados Militares do Ceará, o governo ofereceu 23% de reajuste, mas a categoria exige de 80% a 100% de 2012 a 2014. Um grupo do comando de greve se dirige na noite desta terça-feira para o Palácio da Abolição para uma reunião com o governo do estado.
Segundo Sabino, a proposta dos policiais para o reajuste no primeiro ano é de incorporar ao salário-base a gratificação de R$ 859 já recebida pelos policiais do turno da noite. A proposta é que todos os policiais, de todos os turnos, tivessem essa gratificação incorporada. "Praticamente, não há impacto financeiro, porque seria a incorporação de uma gratificação que já é dada", disse.
No entanto, o governo propôs que fosse incorporada a gratificação de R$ 435 recebida pelos policiais do turno do dia e aos PMs do turno da noite seria complementado em forma de gratificação. A proposta não foi aceita. "A gente pede 80% a 100% e o governo apresenta reajuste de 23% e só para este ano e acabou. Não teria nem em 2013 nem em 2014, apenas o índice da inflação", afirma.
O presidente da associação explica que ao ser incorporada ao salário, a gratificação não seria retirada caso o policial adoeça, quando vai para a reserva, ou mesmo na pensão da família em caso de morte. "Para os outros anos, nós entendemos que qualquer empresa se prepara para pagar quando há um parcelamento", disse. Ainda de acordo com Sabino, o governador teria aceitado conceder anistia aos policiais que participam da paralisação.

Entenda o caso

No dia 29 de dezembro parte dos policiais militares e bombeiros do Ceará decidiram paralisar as atividades até se reunirem com o governador do estado, Cid Gomes, para ouvir as reivindicações da categoria. Desde o início da paralisação, os funcionários se encontram acampados no 6º Batalhão da Polícia Militar.
Os policiais usaram carros da companhia para bloquear a rua que dá acesso ao Batalhão e esvaziaram os pneus dos veículos. No Batalhão também estão filhos e mulheres dos servidores. De acordo com o presidente da Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar, Flávio Sabino, estão acampados no local cerca 800 policiais e 400 familiares. Ainda conforme Sabino, as crianças estão instaladas em conforto e eles estão se alimentando de doações de vizinhos e amigos.
Os policiais e bombeiros reivindicam reajuste salarial de 80% em quatro anos, sendo aumento de 20% em cada ano. Eles também pedem promoções e redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais. Atualmente, de acordo com o coronel da PM Fernando Albano, os PMs do Ceará trabalham em média 46 horas semanais.
Os policiais paralisados pedem ainda anistia pela participação em ato de protesto no dia 17 de dezembro, quando servidores protestaram durante uma visita de Cid Gomes a obras do Metrofor, o metrô de Fortaleza.
Por conta da paralisação dos PMs, cerca 10.000 segundo Flávio Sabino, o governo do estado decretou situação de emergência e convocou homens das Forças Armadas e Força Nacional de Segurança Pública, autorizada pela presidente Dilma Rousseff em edição extra do Diário Oficial da União de 31 de dezembro.
Na segunda-feira (2), a Justiça decretou retorno imediato dos policiais e bombeiros ao trabalho. Em caso de descumprimento da determinação, cada policial está sujeito a multa diária de R$ 500, e as associações devem pagar multa de R$ 15.000. Apesar da decisão, os PMs seguem paralisados, acampados no 6º Batalhão.
 

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