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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Homenagem da ASPRA ao saudoso Dr. Djalma Eutímio de Carvalho

Há exatamente um ano astrás estavamos indo a cidade de Salvador para participar de uma caminhada em defesa da PEC 300, e quando paramos em um posto de apoio, notei que várias pessoas haviam me ligado, de imediato estranhei e quando fui olhar os numeros para retornar, me deparei com a mensagem que o nosso Advogado, Dr. Djalma Eutímio de Carvalho, havia morrido afogado na Praia do Cristo em Ilhéus. No mesmo momento em que eu tentava retornar as ligações, várias pessoas me ligavam e todas me diziam que aquilo em que eu relutava a creditar efetivamente tinha ocorrido. Foi um momento de muita consternação, havia um colega meu no ônibus que também era aluno dele e os policias civís que eram assistidos por ele no SINDPOC. Confesso que aquele foi um dos dias mais tristes para essa região em especial para a ASPRA que deve muito o seu crescimento naquele momento ao saudoso Djalma Eutímio que acreditou nesse projeto, chamado ASPRA Ilhéus.

Mas Deus sabe o que faz, levou o nosso querido Djalma mas não nos deixou órfãos, Djalma nos legou o seu irmão Valdimiro Eutímio de Carvalho que trilha os mesmos passos do saudoso advogado. Para homenagear o Dr. Djalma o nosso blog publica um texto que foi escrito por um advogado e professor muito amido do Djlma e que foi publicado primeiramente no Blog do Gusmão. 

Esse texto tem um ano que foi escrito e imagino qual saria a opnião do Dr. Djalma sobre essas prisões políticas que ocorreram na Bahia após a greve da PM, especialmente porque todas essas prisões ocorreram com a anuência, mais que isso, com determinação expressa da justiça baiana. Fiz questão de destacar em vermelho o que o autor fala sobre as impressões do professor Djalma acerca da influência política na nossa justiça.

 

Por: Gustavo Kruschewsky (advogado e professor)

Deixa-nos, com profundo pesar dos seus parentes, amigos, amigas, colegas advogados e advogadas, para iniciar  sua vida  na eternidade, o respeitado Jurista Dr. Djalma Eutímio.  Jovem, pouco menos de 40 anos, filho exemplar de D. Mira  e do seu Djalma. Este, também já em outra vida ainda bastante jovial.Eutímio, como sempre o chamei, professor de Direito Penal pela Universidade Estadual de Santa Cruz, Doutorando em Ciências Jurídicas, advogado militante de inegável brilhantismo profissional, escritor jurídico e Ex Vice Presidente da OAB, Seccional de Ilhéus, além de outras funções que exerceu nesta comunidade e região. Atuava, mormente na área criminal com escritório, junto ao seu irmão mais novo, no edifício Misael Tavares, nesta cidade. 
Muito bem intencionado, vivia preocupado com o sistema judiciário do nosso Estado da Bahia. Nas suas análises sempre comentava da falta de celeridade da Justiça Comum. Torcia a boca quando contava casos de algumas decisões judiciais casuísticas. Mas, estes casos isolados, para ele, não autorizavam a ninguém dizer que a justiça estivesse ao arbítrio  da“Política”, porém., com mais assertiva dizer-se “da politicagem..

Jovem brilhante. Amava as ciências jurídicas. No meio acadêmico escreveu vários livros, dentre as obras de sua lavra figuram notadamente o Curso de Direito Penal e Direito Processual Penal, recebendo ovações de renomados juristas da região, da Bahia e até do país e de estudantes de direito, principalmente  dos seus  alunos e alunas da nossa querida UESC. Instituição onde concluiu a graduação em Direito.

Vida curta a do jovem Eutímio, mas, a gente há de lembrar que Jesus viveu fisicamente, entre a gente, apenas 33 anos. Observe-se que o filho de Deus tornou-se imortal e ah! Daqueles e daquelas que não seguirem os seus ensinamentos. Tornam-se por certo pessoas sem eira nem beira. Padecem muito aqui na terra.

Guardando as devidas proporções, podemos dizer que o Dr. Eutímio deixa para todos nós um legado nas letras penais. Os seus escritos, e a própria convivência com ele, para todos nós, serão imortais. Vale lembrar o insigne professor  Dr. Accioli da Cruz Moreira que, com certeza, está a dizer neste momento: “O Eutímio é prata da casa, demonstrou em todos os cursos jurídicos que realizou desempenho invulgar,

alcançando a admiração de colegas e professores. Espírito penetrante e irrequieto tem paixão por escrever. As suas idéias alcançam status de escola e darão muito trabalho à doutrina estabelecida. “As suas obras servirão aos doutos como desafio, aos advogados, como leque de opção entre pensamentos contraditórios, aos estudantes, como elemento de estudo crítico palmilhando as sendas, nem sempre planas” do direito material e Processual Penal.

Destemido como advogado. Não agia como capanga de cliente, como a gente percebe ações desta natureza por alguns causídicos, mas defendia os jurisdicionados que lhes contratavam  com grande disposição e honestidade sem lançar mão do expediente da “aventura judicial”, considerada pelo nosso Estatuto da OAB passível de punição.

Na relação profissional e no meio acadêmico era polêmico e debatedor. Demonstrava que “o diálogo deve ser um processo de aprender, mas não de brigar”. Socialmente era um gentleman. Conseguia reunir muitas pessoas ao seu redor nas atividades de lazer e o sorriso constante era a sua marca registrada.

A gente não sabe por que pessoas tão brilhantes deixam a vida terrena muito cedo! Mas, o mais impressionante é que  conseguem, em tão pouco tempo,  construir um legado de arte. Eutímio foi mais uma destas pessoas escolhidas por Deus que deixou para as “Ciências jurídicas”, em tão pouco tempo, uma verdadeira obra de arte com os seus escritos.

Dr. Eutímio:  Muitos de nós te conhecemos, mas, apenas “Deus sabe quem és”. Você, no relacionamento humano, não tinha distinção entre as pessoas. Todos e todas eram iguais para você! Talvez por isto, quem sabe? foi precocemente escolhido, indo na frente de todos nós, que ainda ficamos, a fim de  testificar que na vida eterna também é assim: Exaurem-se todas as distinções hominais.

Deus te abençoe: amigo, colega e irmão!

Amém!


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