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sábado, 2 de junho de 2012

Wagner nega que tenha feito acordo para dar aumento a professores

"Esse número de 22% nunca existiu. Esse acordo, dessa forma, nunca foi feito", disse o governador.



Em evento realizado nesta quinta (31), na Federação das Indústrias do Estado da Bahia, o governador Jaques Wagner contestou a existência do acordo feito com os professores. “Esse número de 22% nunca existiu. Esse acordo, dessa forma, nunca foi feito. Por que a intransigência tá do lado de cá e não no de lá?”.
Wagner comparou o aumento exigido pelos professores com outros movimentos grevistas. “A greve dos rodoviários acabou com 7,5%. A dos metroviários em São Paulo com 6,5%. Eu, de boa-fé, já tinha dado para todas as categorias 6,5%. Por que os professores têm que ter 22%?”.
O professor Rui Oliveira, da APLB, ressaltou que os professores exigem o cumprimento de acordo assinado em 11 de novembro de 2011, no qual está firmado o compromisso de reajuste salarial da rede estadual, tendo como base o piso salarial nacional, que este ano é de 22%, “nos anos 2012, 2013 e 2014, a partir de janeiro de cada ano”.
Mais de 1 milhão de estudantes estão sem aula em toda a Bahia. A Secretaria de Educação estima que greve atinge as escolas da rede estadual em cerca de 190 municípios.
Braços contra greve
Apesar de não haver motivo para festa, as cerca de 600 pessoas, entre professores, pais e estudantes – inclusive de escolas particulares, apelavam para as paródias. Se estamos em junho, porque não refazer Asa Branca, de Luiz Gonzaga. “Quando olhei meu contracheque / vi um salário sem um tostão / Perguntê-ei, ao governador/ ai / por que tamanha humilhação?”.

A passeata cumpriu o circuito inverso ao do Carnaval. De Ondina até a Barra, Água Mineral tem outra letra. “Teve aula? / Não! / Tá em greve? / Tô! / Olha, olha, olha, olha aula no Natal / aula no Natal... / Não é legal”, gritavam a música de Carlinhos Brown.

Quase duas horas depois da saída de Ondina, a chegada na Barra foi marcada pela ocupação dos dois sentidos da avenida. Olhares curiosos de quem passava viam um grande círculo formado por professores de mãos dadas em torno do Farol da Barra. “A educação é o farol que ilumina a sociedade. Todo mundo lutando junto nos dá forças. Essa é uma greve de resistência, com apoio de pais, alunos, professores federais e da rede particular, nós seremos vencedores”, afirmou Rui Oliveira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB-Sindicato).

Mesmo complicando o fluxo de veículos na avenida Oceânica, sentido Barra, a passeata sensibilizou quem ficou preso no congestionamento. “Já passei pela situação deles, e eles estão certos, tem que ir para as ruas e lutar", defendeu o motorista de ônibus Genivaldo Ramos,  53 anos. Alguns passageiros de ônibus reagiram de forma negativa, mas a aposentada Maria Souza, 68, também apoiou o movimento. “Estou achando isso ótimo, assino embaixo”.


Estudantes da rede privada – também em greve – usaram as redes sociais para mobilizar internautas quanto à adesão ao movimento paredista. “Começamos a movimentação no Facebook com a comunidade Apoio ao Professor, que tem cerca 230 membros de diversas escolas particulares e estaduais”, contou Kim Dutra, 16, estudante do 2º ano do ensino médio do Colégio Anchieta, na Pituba.

Salários
Apesar da empolgação, os professores não esqueceram que continuam sem receber salários há dois meses, mesmo com a liminar concedida pela Justiça, que determina ao governo o pagamento do salário dos grevistas, que tiveram o ponto cortado. Muitos dizem estar passando necessidades. “Ainda tenho água em casa porque moro em prédio e o condomínio paga, mas daqui a pouco cortam a energia. Quando ligam me cobrando, digo que vou passar o telefone do governador”, afirmou o professor Ítalo Galo,  41 anos, que já teve o telefone residencial cortado e diz depender de parentes e amigos para necessidades básicas.

Os mais prevenidos, como Joselucia Barbosa Androzi,  46 anos, aprenderam com as últimas greves e começaram a economizar. “Fiz meu fundo de greve particular, desde a última paralisação quando cortaram nosso salário. Guardo um pouco todo mês”, explica a professora. “Mesmo assim, a geladeira está vazia. Comida é para o meu pai e para mulher que toma conta dele. Eu almoço com a ajuda do sindicato”, conta Ana Barbosa.

Cartão A professora Ana Lídia Magalhães,  46 anos, diz que até limite do cartão de crédito dos colegas já usou para pagar conta. “E a gente que é certinho, paga tudo em dia, fica agoniado por não ter condições de pagar as contas, por ter que ficar atrasando e fazendo dívida”, conta. Para Rui Oliveira, “o governador deu um golpe de estelionatário”, quando no início do mês passado garantiu o pagamento para alguns professores, que mais uma vez encontraram apenas zeros no contracheque. “O governo não cumpre a decisão judicial, um desrespeito e um desserviço ao estado e à sociedade. A greve continua e quem sabe não nos encontramos no 2 de julho”, completa Rui Oliveira, presidente do APLB-Sindicato.

De acordo com a assessoria da Secretaria de Administração da Bahia (Saeb), o governo ainda não foi informado oficialmente sobre a decisão judicial que ordena o pagamento dos salários dos professores. Mas a liminar expedida pela desembargadora Lícia de Castro Carvalho, foi publicada desde o dia 28 de maio, no Diário Oficial de Justiça, notificando a população e o governo sobre a decisão.

Correrio.

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