Por Sabrina Lorenzi e Marcelo Teixeira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A Petrobras vai elevar  os valores da gasolina e do óleo diesel no atacado, ao mesmo tempo em  que o governo reduz a tributação sobre esses produtos para evitar o  repasse para os preços nas bombas.
         A petroleira elevará em 10 por cento o preço da gasolina e em  2 por cento o preço do óleo diesel nas refinarias a partir de 1o de  novembro, informou em comunicado nesta sexta-feira, confirmando  informação repassada à Reuters pouco antes por uma fonte com  conhecimento da medida.
         O Ministério da Fazenda havia informado anteriormente, em  nota, que seriam reduzidas as alíquotas da taxa Cide (Contribuição de  Intervenção no Domínio Econômico) sobre a gasolina e o óleo diesel.
         O objetivo, segundo nota do Ministério, é "amenizar  flutuações de preços internacionais do petróleo e garantir a  estabilidade dos preços dos combustíveis".
         A medida combina as necessidades da petroleira, que vem  mantendo preços defasados em relação ao mercado internacional, com a  preocupação do governo de evitar novas pressões sobre a inflação.
         A Petrobras buscava há algum tempo a anuência do governo para  aumentar o preço dos combustíveis para aliviar o caixa da empresa após  aumentos de custos, principalmente com importações de gasolina em meio  ao grande consumo de combustíveis no mercado brasileiro.
         Neste trimestre, o impacto sobre as importações será agravado pela alta do dólar.
         Segundo a Fazenda, a partir de 1o de novembro e até 30 de  junho de 2012 a alíquota da Cide para a gasolina passará de 0,192 real  para 0,091 real por litro. No caso do óleo diesel, irá de 0,07 real para  0,047 real por litro.
         Uma fonte do governo informou que a elevação da gasolina e do  diesel nas refinarias será exatamente proporcional à queda da Cide, o  que vai neutralizar a medida para os preços no varejo, como deseja o  Planalto, que se esforça para manter a inflação sob controle. Existe uma  preocupação de que a inflação estoure o teto da meta oficial neste ano,  de 6,5 por cento pelo
         IPCA.
         Segundo essa fonte, o aumento realizado pela Petrobras ainda  não compensa toda a variação nos preços internacionais do petróleo no  período, mas acrescentou que não estão previstas novas alterações nestes  valores no curto prazo.
         Com a redução da Cide, o governo deixará de arrecadar um  valor estimado em 282 milhões de reais em 2011 e de 1,77 bilhão de reais  em 2012.
         A última vez que a Petrobras aumentou os valores dos produtos  mais importantes para sua receita foi em maio de 2008, há mais de três  anos. Na ocasião, a estatal elevou em 10 por cento a gasolina e 15 por  cento o diesel.
         Depois disso, a gasolina teve uma redução de 4,5 por cento e o  diesel ficou 15 por cento mais barato, em junho de 2009, após a crise  global que derrubou os valores do petróleo.
         O consumidor, porém, não sentiu esses movimentos, pois o  governo modificou em sentidos contrários as alíquotas da Cide,  neutralizando impactos nos preços nas bombas.
         Para o analista Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro  de Infraestrutura, a medida foi essencial "para livrar o caixa da  Petrobras de um verdadeiro massacre".
         Segundo ele, a empresa perdeu 4 bilhões de reais de janeiro a  outubro com a defasagem de preços entre o mercado interno e as cotações  internacionais.
         As importações cresceram neste ano ao mesmo tempo em que  subiram também os preços do petróleo e derivados no mercado  internacional.
         "Os 10 por cento ainda não compensam, mas já é uma medida muito boa, vai aliviar bastante o caixa da estatal", afirmou Pires.
         As ações da Petrobras registraram boa alta nesta sexta-feira  na Bovespa, ainda antes do anúncio oficial das medidas sobre os  combustíveis.
         O papel preferencial da petroleira ganhou 3 por cento,  ajudando a levar o índice Bovespa para um fechamento positivo de 0,4 por  cento.
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