sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

GREVE DA POLICIA NO CERÁ E REFLEXÕES DE UM POLICIAL NA BAHIA.

Veja o vídeo, leia o texto, reflita e se achar por bem, divulgue nas suas rede sociais. Obrigado pela colaboração, essa luta não é só da polícia é de todos.
Essa é uma situação que por certo choca o civil que a assiste e certamente pensa que essa é uma atitude de vândalos que querem impor a sua vontade, aliás, isso é o que os governantes e alguns comandantes nos faz pensar, se utilizando dos meios de comunicação de massa que só serve para alienar e oprimir o povo mantendo o seu status quo.

Quantos de vos que estão lendo esse texto agora já precisaram da polícia e essa demorou porque a viatura quebrou ou mesmo não foi por falta de combustível que por muitas vezes é bancado pela iniciativa privada. Temos que apoiar e divulgar movimentos desse tipo, porque essa não é uma realidade apenas do Estado do Ceará, é uma realidade do Brasil, quem é parente ou amigo de policial sabe do que estou falando. Quantas fotografias e vídeos circulam nas redes sociais de policiais empurrando viaturas velhas nas ruas, sendo submetidos a uma situação vexatória e escarnecedora. Quantos policiais vão para as ruas com o Equipamento de Proteção Individual - EPI fora do prazo de validade, o que é defeso segundo as leis vigentes, quantos policiais têm trabalhado em escalas escravagistas e não tem se quer o direito de reclamar. A Sociedade precisa saber disso e precisa comprar essa briga. Uma esposa de policial nesse vídeo ao rebater o que um oficial fala, é muito sábia ao dizer que o policia não mostra a cara nesses movimentos porque ele sabe que vai sofrer retaliação dos seus próprios "colegas" o oficial comandante, que geralmente se coloca contra esse tipo de mobilização por se achar superior, e o é de direito, mas nem sempre são de fato.
Sabe por que, se colocam contra, por ganhar mais, mesmo sabendo que poderiam e que merecem ganhar melhor pelo trabalho que executam. Como vivemos em um mundo capitalista em que você é na sociedade o reflexo daquilo que está no seu contracheque é preferível está do lado de uma minoria que oprime a maioria. O governo usa essa gritante diferença salarial como estratégia para que alguns oficiais disseminem o medo sobre a tropa que vive oprimida, como apenas dois direitos como eles dizem durante os cursos de formação: “o direito a não ter direito” ou “o direito de não reclamar de não ter direitos”.
Gostaria que os doutores, que os meus colegas do Direito, os historiadores ou profissionais de qualquer outra área me respondessem, que Estado Democrático de Direito é esse, que dizem que vivemos, se ele impede que a categoria responsável por garantir os direitos alheios possa se manifestar, se mobilizar para garantir os seus direitos e os direitos dos seus viverem com dignidade? O oficial porta-voz da PM do Ceará no final da matéria ao conceder entrevista, diz que nada está acontecendo naquele Estado e que é mister da Polícia garantir a ordem pública, mesmo com risco da própria vida, juramento que aqui na Bahia só quem faz é o praça.
Eu até entendo o fato de só o praça fazer esse juramento afinal é ele que está no fronte combatendo a marginalidade. Essa é outra questão que chama atenção, pois se fizermos uma profunda análise nos dados estatísticos sobre mortes de policiais, constataremos com muita facilidade que os praças morrem em número muito superior ao de oficiais, estou falando de morte em confronto no serviço ou em decorrência dele. A marginalidade nem sabe que é o oficial, porque eles trabalham numa sala climatizada e são os praças que em péssimas condições de serviço vão para a área tendo por si, só os colegas e Deus que nos protege todos os dias.
Não quero bi polarizar a Polícia entre praças e oficiais o que quero é que a sociedade veja que essa bi partição já existe. Existem duas polícias a dos oficiais e a dos praças, esses,  se quiserem ter algo ou mesmo uma condição de vida melhor precisam fazer “bico”, mesmo que esse prática seja mais um direito negado. Sempre falo e repito é preciso que a sociedade civil organizada entre nesse debate, pois como tenho dito a violência sofrida pelos policiais nas instituições militares é refletida todos os dias nas ruas contra a própria sociedade.
Se você se acha parte importante nesse processo de reflexão crítica e de mudança de determinadas práticas divulgue isso nas suas redes sociais e exerça o seu direito de cidadão.

Augusto Leite de Araújo Júnior
Policial Militar, Coordenador da ASPRA – BA/Ilhéus, Pedagogo, Especialista em Educação e Relações Étnico-raiciais e Acadêmico de Direito - UESC

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